O número assusta pela sua magnitude: os trilhões de reais que a sociedade brasileira paga em tributos a cada ano. Essa cifra, que cresce a cada segundo sob os olhos dos contribuintes, não é apenas um registro contábil; ela representa um potencial de transformação social e econômica que raramente é compreendido em sua totalidade.
Mas afinal, o que é possível realizar com uma montanha de dinheiro que ultrapassa a casa dos trilhões?
A resposta se torna especialmente chocante quando comparamos a arrecadação brasileira com um dos maiores desafios da humanidade: a erradicação da fome no planeta.
O Poder do Impostômetro: Um Olhar Sobre a Arrecadação
O Impostômetro, iniciativa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), consolida em tempo real todos os impostos, taxas e contribuições pagos pelo cidadão brasileiro.
A título de referência, a arrecadação anual no Brasil tem atingido marcas recordes, superando consistentemente a faixa de R$ 3 trilhões ao longo do ano. Em 2024, por exemplo, o registro final alcançou impressionantes R$ 3,6 trilhões.
É com base nessa magnitude que a comparação com a fome global revela-se um poderoso choque de realidade.
A Comparação Chocante: Impostos Brasileiros vs. Custo da Fome (ONU)
Sua percepção está correta: a Organização das Nações Unidas (ONU) tem estimativas de quanto custaria para garantir que ninguém mais passe fome no mundo. E os números colocam a arrecadação brasileira em uma perspectiva dramática.
1. Erradicação Sustentável da Fome
Segundo estudos da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), erradicar a fome de forma sustentável até 2030, o que inclui investimentos em desenvolvimento rural, proteção social e infraestrutura, exige cerca de US$ 267 bilhões por ano.
- Convertendo esse valor para o real (em cotações aproximadas), estamos falando de algo em torno de R$ 1,4 trilhão anualmente.
A Conclusão Impactante: A arrecadação anual total de impostos do Brasil (que atinge a faixa de R$ 3 trilhões ou mais) é, anualmente, o dobro do valor necessário para erradicar a fome no mundo de forma sustentável, com investimentos contínuos e de longo prazo.
2. Combate à Crise Imediata
Em momentos de crise humanitária aguda, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU apresenta planos de emergência focados em salvar vidas. Em 2021, por exemplo, o plano para evitar a inanição de milhões de pessoas exigia um investimento de US$ 6 bilhões (aproximadamente R$ 30 bilhões).
A Conclusão AINDA Mais Forte: O volume de impostos arrecadados pelo Brasil em apenas um ano (mais de R$ 3 trilhões) é capaz de financiar o plano de emergência da ONU para salvar milhões de pessoas da inanição mais de cem vezes.
O Potencial Perdido: O que Mais Poderíamos Fazer?
O Impostômetro não existe para criticar a cobrança de impostos, que é fundamental para qualquer nação. Ele existe para questionar a gestão e a priorização desses recursos.
O fato de que apenas uma fração da nossa arrecadação anual seria suficiente para resolver um problema humanitário de escala global expõe o imenso potencial de transformação social que está, muitas vezes, perdido em ineficiência e má aplicação de recursos.
Além de acabar com a fome global (ou, mais realisticamente, com a fome dentro do próprio Brasil, que tem um custo de combate ainda menor), esses trilhões poderiam:
- Revolucionar a Educação: Garantir infraestrutura de qualidade, tecnologia de ponta e remuneração digna para professores em todas as escolas do país.
- Universalizar o Saneamento Básico: Resolver o déficit que afeta milhões de brasileiros e é causa de inúmeras doenças.
- Garantir Saúde de Primeiro Mundo: Eliminar filas de espera e garantir acesso imediato a hospitais bem equipados e medicamentos em todo o território nacional.
O Impostômetro é o reflexo do esforço de cada brasileiro. Ele nos lembra que o dinheiro para a mudança existe. O que falta é a eficiência e a prioridade na aplicação dos trilhões arrecadados.